quarta-feira, 27 de abril de 2011

Etnocentrismo e Alteridade


Etnocentrismo e o ponto de vista segundo o qual o próprio modo de vida de alguém, ou de um grupo é preferível a todos os outros. Pode ser considerado como um fator que opera em favor do ajustamento individual e da integração social de indivíduo(s) a dado grupo, para que se identifique com o mesmo. Em nossa história verificam-se muitos etnocentrismos em confronto. No entanto, o etnocentrismo europeu é o que chama mais a atenção uma vez que assume uma forma mais racional e declarada a concepção eurocêntrica do ecúmeno e leva isso às últimas conseqüências da dominação armada. “A nós brasileiros, com bem pouco de tradição cultural historicamente identificável (apenas poucos séculos), foi e ainda é dado a conhecer também o lado das vastas tradições: o mais agressivo dos etnocentrismos, enquanto negação mesma da alteridade”
A alteridade a qual o autor se refere é mais propriamente cultural, que se refere à dificuldade de que os membros de uma dada cultura, imersos em sua peculiar visão de mundo e de todas as práticas que dessa derivam, enxerguem as componentes de uma outra formação cultural, como cosmovisão e atitudes diferentes, que lhe causam estranheza geradora de “insegurança” pela possibilidade de proposição de desestruturação das minhas verdades, o questionamento de minha cosmovisão (alteridade pessoal), que se dá na dinâmica das relações intersubjetivas e são mais ágeis, por vezes.
A alteridade que se dá entre culturas é mais complexa dificultando o fenômeno da comunicação e trazem como conseqüência os desencontros duradouros, muitas das vezes segundo atestam vários momentos da história da humanidade. Os momentos históricos que caracterizam processos de assimilação entre culturas distintas apontam para o reconhecimento da alteridade. Os tempos iniciais de desencontro e rejeição apontam para a negação da alteridade. Quando o homem  etnocêntrico, enclausurado em sua visão de mundo rejeita contato com outras expressões de humanidade, põe-se a negar outras culturas com adjetivos como “primitivas”, “atrasadas”, “rudes” ou “incivilizadas”, todas expressões ideologicamente discriminatórias, mediante avaliação a partir de si e de seus valores, que ignora as dimensões da pluralidade humana, inconteste.
MORAIS, Regis de. Cultura Brasileira e Educação. Campinas, SP: Papirus,1989

Nenhum comentário:

Postar um comentário